A descolonização não poderia levar-se a cabo sem uma mudança de termos, em primeiro lugar do ultrajante e duplamente colonial: AMÉRICA LATINA

    Lançamento oficial da campanha: La Paz, Bolívia, fevereiro 2016 (71dH)
    Para acabar com a “América Latina”!

     

  • LAtino ?

    Alienação cultural

    Uma das expressões diretas e omnipresentes da alienação cultural deste continente reside numa palavra e nos seus derivados: o famoso “latino” que revela uma escandalosa vacuidade. Em base de quê, a não ser por uma patética amnésia e ignorância institucionalizada, podemos designar os descendentes dos incas, astecas, mapuches, escravos africanos, etc, de “latinos”?

  • Esta expressão, declamada com destacado orgulho pelos autóctones, reflete o nível de entorpecimento das massas.

  • Como se chegou a reivindicar, desde o seio do seu país ou de fora, um laço com uma população tão estrangeira e alheia como os latinos? Que há de latino nas Cordilheiras dos Andes, na selva amazónica, na Serra Madre ou no Caribe?

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  • Origem dos latinos

    Italy-latiumRecapitulemos que os latinos são oriundos da região do Latium que é ainda hoje a província italiana do Lácio, que circunda Roma, e cuja máxima expansão na antiguidade, a do Império Romano, nunca ultrapassou as costas atlânticas da Europa. Portanto que justificaria que na outra ourela do Oceano Atlântico haja povos que se reivindiquem como descendentes do Latium? Até certo ponto, se justificaria que os italo-americanos, estejam onde estejam, se autodenominem de latinos, mas os restantes? Porque falariam um idioma romano-latino?
    Em tal caso, o Quebeque (província francófona do Canadá) não faria parte da América Latina? Porque a população é (era) de confissão católica romana apostólica ou também chamado “rito latino”? Então, não seria um católico irlandês ou um polaco instalado em Nova Jérsia um latino-americano? E ao inverso, um peruano ou panamenho convertido ao pentecostalismo ou praticando religiões ancestrais ou de matriz africana não deixaria de ser “latino”?

  • Tudo isto ilustra uma incomensurável confusão mental, com o maior desprezo pela história, pela geografia, do rigor intelectual e precisão conceptual, sem esquecer a falta de respeito com os antepassados. Uma campanha de descolonização digna deste nome não poderia ser levada a cabo sem esta etapa preliminar essencial: a tomada de consciência da inadaptação dos termos derivados do radical “latim”: América Latina, latino, espanhol latino (o espanhol que se fala na América, chegando-se aqui ao cúmulo da aberração) em referência ao que toca aos habitantes deste continente, e a erradicação destes da linguagem comum oficial.

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  • Ixachitlan, Tawantinsuyu e Abya Yala

    ixachitlanPortanto promovemos uma campanha que irá mais além da simples sensibilização a este assunto, já que propomos que as diversas e competentes autoridades que estariam capacitadas para eliminar este termo, não apenas absurdo, mas também duplamente colonial, já que reúne o nome de um navegador italiano: Amerigo ao epíteto latim, se juntem e proponham um novo nome para o continente, que de preferência fosse associado a um ou vários idiomas autóctones, sendo que são numerosos e que, por conseguinte, compromissos constituirão a chave do êxito, entre povos distintos e ao mesmo tempo embarcados num destino comum.

    Propor Ixachitlan ou Tawantinsuyu seria uma solução fácil, mas haveria o risco de trazer uma nova forma de desequilíbrio, desta vez interno. Provavelmente teremos que recorrer a um neologismo, acrónimo ou antropo-topónimo (nome de um lugar derivado do de uma pessoa que pode ser um personagem histórico, um sábio, um libertador, um deus ou de uma representação mítica imaginada – porque não feminina? Cf. Pachamama ou noutros casos: a Marianne francesa, a musa romântica Lorelei, etc – que insinue e avive a essência real ou conjuntamente almejada do continente. Exemplos de antropo-topónimos mais ou menos adequados: Bolívia / Simón Bolívar; Colômbia / Cristóvão Colombo) que satisfaça todas as partes, que apesar das discrepâncias previsíveis. Haverá uma forma de unanimidade se se chegam a concentrar na grandeza do objetivo. O espírito de cooperação e de boa fé que tiver caracterizado a eleição do novo nome constituirá então uma base apreciável para pôr em marcha o processo de descolonização e a reconstrução consequente deste continente.

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  •                     Abya-Yala   

    Ultimamente, Abya Yala beneficia de une forma de reconhecimento crescente.